terça-feira, 24 de março de 2009

a vontade do que ser ia



o sussurro interrompe o silêncio

como um vácuo no vento que passa entre as árvores sugerindo um leve balançar das folhagens
que entre si, se roçam... procurando sua zona de conforto

e logo ali.... ali em cima, espia o sol.
servindo de palco para a dança que recomeça
e recomeça...
começa
e
acaba.


num ballet intrigante

o natural se manifestando, e pedindo para ser iluminado
pelos olhos de curiosos e distraídos
que por ali, passavam...
que por ali, procuravam...


no ponto final

.

uma margem para um recomeço
que recomecar (ia) ali.
no ponto.
mesmo.

parado. ado. ido. no vindo. e indo. só para quem quer.
ou quem não sabe, mas quer...
e descobrir (ia) que quer (ia) apenas estar lá.

consagrando e prestigiando o fato de ser

de ser feliz.

de ser vivo.

de ser assim.
de estar assim.

de estar ali.


e assim, segue satisfeito.

por atiçar sua distraída percepção e volta para a penumbra do cotidiano.

pro dia-a-dia, pra agonia...

...para a vontade do que seria.


* com a feinandinha em uma de nossas saudosas madrugadas produtivas


quinta-feira, 19 de março de 2009

a.c.o.r.d.a.c.o.r

buscando um dia encontrar, parei pra pensar no tom. não o jobim, nem o zé. não o agudo, tampouco o da sua voz. queria o tom da cor... sabe?! aquela que pinta o dia, ilumina meu palco, e a vida que acredito existir. qual seria?

o vermelho da paixão? muitas vezes despedaçando meu coração, mas sempre me reerguendo ao encontrar um novo amor.

ou seria o verde delirante dos teus olhos? me levando sempre ao teu encontro e depois, fazendo me desencontrar de mim mesma.

o azul do mar que eu vejo quando tudo dá errado e eu fujo prá praia? ou mesmo quando tudo dá certo e surge aquela vontade de correr pela areia e fazer castelos.

talvez o amarelo do sol que bate no meu rosto enquanto dirijo com a música bem alta e o vento batendo no meu rosto -além, é claro, de embaraçar todo meu cabelo?

sem hierarquizá-las, a mistura me leva ao roxo daquela blusa do nosso primeiro encontro. ao marrom do meu sapato novo. ao cor-de-rosa-penelope do meu edredom tão acolhedor. ao laranja perfumado e cítrico da minha fruteira. sem esquecer do arco-íris da alameda itu.

mais um dia branco, mais um dia através do prisma – não aquele comum de sete cores, mas um especial e exclusivamente meu, com muitas outras.

mais um dia claro, mais um dia de claridade. porque no branco é tudo a mesma coisa. tudo e nada nem sempre é o que procuro, às vezes eu quero ficar no escuro mesmo e me guiar através do som. mas outro dia eu explico essa parte.

*texto encontrado nos meus arquivos de 2005. ah, tempos saudosos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

passou


hoje ela acordou sozinha. não que isso seja uma novidade, ela sempre acorda sozinha. mas hoje ela se sentiu sozinha, olhou prum lado e pro outro: ninguém. nada.

sentiu falta do mundo na cama dela, e pela janela não via nem o sol. onde estavam todos? se fosse uma brincadeira que acabasse ali, não tinha mais graça... não gostava de pic-esconde desde que tinha 4 anos e se perdeu sozinha no jardim escuro.
de nada adiantou.

ela foi corajosa. enfrentou e levantou decidida a seguir em frente.
no banheiro, um banho. na cozinha, uma fruta. saiu com o carro para trabalhar. ninguém, ninguém. ninguém.

se era brincadeira, quando ia acabar? esperava... esperava...


e ela passou pela vida assim, esperando o mundo aparecer e lhe fazer companhia.

sexta-feira, 6 de março de 2009

da série coisas raras

desde que vim embora pro interior, sinto saudades de muita gente. principalmente das minhas melhores amigas.

a vida é assim, junta, depois separa, depois junta de novo. vai saber o que vai acontecer daqui pra frente... o que tenho é uma certeza muito grande de que essas vieram pra ficar, pra sempre.

amanhã nos encontramos, um raro final de semana com toda a família reunida: filhos, maridos, namorados, papagaios e afins. ô delícia! fico ansiosa só de pensar que não posso esquecer de nada, que tenho que contar todas as novas lembranças, mostrar todas as novas cicatrizes, listar os preparativos do grande evento, perguntar a opinião delas pra todos os próximos passos, ah.... quanta coisa! melhor anotar!

apesar de mais distante, sempre mantivemos a amizade -ainda mais com toda esta tecnologia a nosso favor. mas um final de semana juntas não passamos há uns dois anos mais ou menos. e um final de semana juntas com a família inteira deve fazer três.

tenho o melhor sentimento do mundo, tenho toda a saudade do universo e tenho toda a alegria do reencontro.

amanhã. contagem regressiva.